Gaian, O Reinício - Cláudio Almeida


Gaian é um mundo grande e antigo, com milhares de anos de histórias. Há muito tempo, existiu um grupo de guerreiros lendários, que utilizava magias esquecidas e perigosas; e isso tinha ficado para trás. É difícil acreditar que uma guerra está de fato eclodindo por aí quando a realidade local é pacífica e até mesmo monótona. Na cidade de Arinon, subitamente, tudo fica estranho e perigoso.

Nenhum dos Conselheiros acredita no líder Ehlen quando ele conta seus péssimos presságios. E muito menos aceitam medidas de segurança tão extremas quanto criar um exército em um lugar em que até brigas de bar são raras. Sonhos são feitos de um material incerto, mutável, e quase nunca verossímil. Seria sensato mudar tantas coisas somente por pesadelos de Ehlen? Arinon vai descobrir em breve que existem sonhos que não são simplesmente sonhos.

Em tempos ruins, de calamidades e todo tipo de tragédia que vem com a guerra, eles ressurgem. Os heróis.

Arffek é o primeiro deles a se mostrar, e provar que Ehlen estava correto. O Reino do Norte tinha sido devastado, e o guerreiro já não era mais o mesmo desde a batalha que aconteceu por lá. A perda de Erion, sua mulher, que era uma das maiores paladinas de todos os tempos o trouxe para um lado obscuro, um lado perigoso de si mesmo. Partindo com Heim, e depois Brisrar, Arffek sai em busca dos outros guerreiros por Gaian. Com muitas batalhas, vilões cruéis, ensinamentos sábios, e seres fantásticos (dragões são quase obrigatórios ❤) o livro vai correndo.

Tive a impressão de estar imersa em um bom jogo de RPG. O prólogo começou bem animado, e até me deixou triste por Erion não ser uma personagem que continuaria durante a história. Porém, os capítulos iniciais foram bem difíceis de passar. Não me animei muito com as cenas no Conselho, e ainda estava me acostumando com o estilo do Claudio, que é super detalhista. Às vezes eram detalhes demais em partes que não me interessavam, ou diálogos meio piegas, e isso foi me brecando na leitura. Fiquei tão feliz quando o livro foi avançando! Eu descobri que seria um grande erro ter desistido dele.

Os guerreiros são cativantes e suas aventuras nos estimulam. Do meio pro fim, Gaian me conquistou.
As batalhas são muito bem descritas, é tudo visual e eletrizante. A intenção é que a cena se forme perfeitamente em nossas mentes. Infelizmente, isso pode ser muito estimulante para uns, e completamente insuportável para outros (se você não tem paciência para descrições muito grandes, nem tente). As magias são todas explicadas no apêndice, após o fim do livro. Nesse apêndice tem tudo: informações sobre Gaian, suas cidades, famílias, nomes/pronúncias/descrições dos personagens, e um mapa. Ah, e no começo de cada capítulo, existem ilustrações. Isso ajuda durante a leitura, e até ajudou mesmo aqui para fazer a resenha.☺


Brisrar foi uma das minhas preferidas. Ela é sensata mas ao mesmo tempo sensível. Além de uma poderosíssima guerreira, ela tem uma grande empatia com as pessoas, e humildade para aprender. Arffek parece estar entrando em um caminho perigoso. Ele age de forma explosiva e cruel, o que não condiz com o bom Arffek que conhecemos no prólogo... Ele realmente mudou muito pela tragédia! Perder Erion foi um grande baque, e ele se deixa levar pelo que é mais fácil: descarregar toda a sua raiva, e consequentemente acumular mais.

Heim está meio perdido, ele não estava esperando por tudo que aconteceu. Ser um dos Guerreiros Sagrados, e abandonar sua noiva e seu pai para sair por aí procurando problemas é meio esquisito para ele. Ainda mais por não possuir treinamento e nem ideia do que vai ter que fazer. Ulthigar tem bom coração e também é muito forte (acho que ele e Brisrar dariam um bom casal, aliás!). Ele aparece de forma inesperada, puxado para o seu destino. É dele uma tarefa muito importante de união do grupo e de fortalecimento.

Toda a história gira em torno dos guerreiros, e eles nos mostram a que vieram. Já reencarnaram várias vezes, e só aparecem quando algo muito grande está acontecendo. Nós esperamos que eles consigam fazer o seu trabalho tão bem quanto sempre fizeram!

Não vai ser em Gaian que você vai encontrar algo totalmente inovador (tem sim muitos clichês), mas algumas horas de divertimento para quem adora fantasia estão garantidas. É impossível não torcer por seu guerreiro preferido, e não acompanhar suas aventuras roendo as unhas.

"– [...] O problema não é a política. É um péssimo costume esse de delegar às coisas as questões da vida. Não me entenda mal, não quero defendê-lo ou desafiá-lo, mas a política não é o ponto principal, ela é só um meio. O destino final das coisas é o ser. Não é a política, ou o comércio, ou o líder que corrompe as pessoas. A corrupção ocorre porque está predisposta na mente ou no coração. Por isso, trair-se é questão de oportunidade."

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