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Seremos 44% nesta Flip

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Assim como costumava fazer a homenageada da edição de 2016, Ana Cristina Cesar , um grupo de mulheres usa da produção de fanzines e meios não convencionais para expor ideias e mudar realidades. Os projetos KDMulheres e Leia Mulheres , que estavam presentes em 2015 brigando por uma maior participação feminina no protagonismo do evento, bem como na literatura (a banca de autores é desde o início constituída em sua esmagadora maioria por homens) poderão respirar um pouco mais aliviados neste ano: teremos sim muito mais mulheres na Flip . Aliás, nunca tivemos tantas. Comecemos a falar da homenageada, a carioca Ana Cristina Cruz Cesar (1952-1983), que é a segunda escritora em catorze anos de Flip a estar sob os holofotes (a outra foi Clarice Lispector, em 2005). Ana C. além de poetisa foi tradutora e ensaísta. Teve aos sete anos os primeiros poemas publicados no jornal Tribuna da Imprensa . Escreveu belíssimas cartas e poemas, reunidos na publicação da Companhia das Letras , P

Mulheres Que Não Sabem Chorar - Lilian Farias

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São quatro mulheres que se amam e uma bela história. Mulheres que Não Sabem Chorar é tanto poesia quanto denúncia de abusos reais que acontecem todos os dias e são velados por um motivo ou por outro; desde estupros a roubos do ser, da identidade. Ser privada do próprio ser e se anular diariamente em prol do que é adequado é uma morte lenta e agonizante, e Lilian Farias , autora de outros livros como O Céu é Logo Ali e Desconectada , recolheu histórias de diversas mulheres de carne e osso Brasil afora com essas marcas do ódio. Elas se tornaram Olga, Marisa, Ana, e Verônica . Este é um romance de mulheres , sem esteriótipos ou metas para cumprir. Ele só é. Sua linguagem lírica e sensível nos encanta ao apresentar o íntimo das personagens com suas explosões de sentidos e sentimentos. Marisa e Olga , com seus 50 anos, tão diferentes uma da outra, conseguem preencher alguns de seus vazios com o amor que sentem tão intensamente. A primeira, é forte, fria, armada, quem sabe até um

Sobreviventes do Verão - Guilherme Tauil

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Crônica hoje em dia é como animal ameaçado de extinção. Quantos de nós lemos essas histórias engraçadinhas sem ser no jornal (ou até mesmo nele)? Crônica é aquele gênero literário que todo mundo gostava  quando aparecia nos livros de Português, mas preferia os romances fantásticos ao se tratar de suas próprias leituras (isso falando da minha geração, claro). Bem, de fantástica a crônica não tem nada: é fruto da observação do cronista, mais sua imaginação e habilidade, e um pouco de humor. Qualquer história cotidiana pode virar crônica, desde as mais inusitadas, até as mais monótonas. O que vale aqui é a capacidade de contar essas histórias, e como elas ficam interessantes pela ótica do pobre escritor, que roda pela cidade, vive no meio da gente, prospectando o cotidiano humano. Que paciência que ele tem! Mas veja bem, não é pouca coisa, não. Machado de Assis , Clarice Lispector , Lima Barreto , Cecília Meireles , Carlos Drummond de Andrade , Rubem Braga , e tantos outros conhec

O cordel de Dandara

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Você há de concordar que literatura de cordel é realmente um encanto. Das inúmeras maravilhas nordestinas, com certeza a cultura é uma das mais ricas e únicas. Dando vida a esse importante gênero literário que não entra nos best-sellers , com uma importante personagem que não entra nos livros de História, Jarid Arraes faz mais do que um bom trabalho. A beleza e simpatia daqueles varais cheios de cordéis coloridos, nos conquistam com sua variedade de temas. Os cancioneiros nordestinos vão desde histórias do cangaço até política, humor, e aventuras eróticas. São abordados também temas éticos e sociais, biografias, pelejas, romances, e religiosidade. Nascida em Juazeiro do Norte, Ceará, Jarid resolveu usar dos seus cordéis para discutir questões de gênero, xenofobia, e principalmente: visibilidade negra. Há não muito tempo atrás, Dandara dos Palmares lutava pelo fim da escravidão e por uma melhor condição de vida para os negros escravos e quilombolas, mantendo sua resis

A Herdeira das Sombras [Trilogia das Joias Negras #2] - Anne Bishop

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Chegamos ao segundo volume (se não leu o primeiro, saia daqui agora e vá para este outro endereço ) da Trilogia das Joias Negras praticamente sem fôlego. Se no livro anterior ficamos encantados com a menininha tão meiga e sombria em partes iguais, neste ficamos estupefatos com o poder da mulher. Jaenelle Angelline começa A Herdeira das Sombras com a alma em frangalhos. Ainda no Reino Distorcido, sem querer voltar para seu corpo, ela passa dois anos tentando reconstruir seu cálice de cristal. Ninguém poderia saber quando, ou se ela voltaria, e não poderia haver medo maior do que o de perder sua grande Rainha. Na trama cruel de  Heketah , muito mais pessoas ainda vão sair machucadas: ao fazer Lucivar acreditar que Daemon havia matado Jaenelle, ela não só conseguiu destruir a confiança entre os irmãos, como também jogar Daemon no Reino Distorcido. Ele não sabe mais o que houve naquela noite depois dos acontecimentos de Briarwood, e acreditando numa versão da históri

A Filha do Sangue [Trilogia das Joias Negras] - Anne Bishop

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Prepare-se pra se desprender da maioria dos padrões da fantasia que você conhece. O universo de Bishop tem uma densidade espantosamente sombria e amável ao mesmo tempo ("???????" calma, eu explico depois), e ninguém vai poder dizer que já viu coisa parecida. Nessa proximidade do Halloween , ou Dia do Saci (Brasil ♥), trago minhas impressões sobre um MA-RA-VILHOSO mundo bem pesado e até mesmo intragável para alguns. Nas "orelhas" do livro já vemos comparações da obra de Anne com uma xícara de café forte: "escuro, e implacável com os estômagos mais delicados". Sim, é 100% verdade. Até mesmo os digníssimos leitores acostumados com a crueldade das histórias de Game of Thrones caem das cadeiras. E qual o motivo de tanto choque? Deixo aqui a sinopse primeiramente, assim já dá pra ter uma ideia da trama central. "O Reino Distorcido se prepara para o cumprimento de uma antiga profecia: a chegada de uma nova Rainha, a Feiticeira que tem mais pod

Predestinadas - Jessica Spotswood (As Crônicas das Irmãs Bruxas III)

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Predestinadas é o volume final da minha amada Trilogia das Irmãs Bruxas . Nele a gente descobre como aconteceu a tão temida (e esperada) profecia e o qual foi destino das personagens. Todos os livros da série, desde o início, abordaram a forte opressão contra as mulheres e contra as bruxas, e como isso influenciou todo um povo, principalmente nos momentos de crise. Dominadas, inicialmente, pelos Irmãos da Fraternidade  — fanáticos do clero que cometiam os atos mais cruéis possíveis apoiados em seu poder  —  as Irmãs passaram acuadas pela fase do medo e da revolta. Em Predestinadas, elas colocam em prática tudo que sempre sonharam em fazer, e lutam pela liberdade não só das bruxas e das mulheres, mas de todo o povo. Lembrete rapidíssimo: se você não leu os dois primeiros livros, corra daqui. Tem spoilers revoltantes! Enfeitiçadas (Vol.1) Amaldiçoadas (Vol.2) Cate não consegue acreditar que Maura tirou as memórias de Finn sobre ela (muito menos eu). Os dois tinham um r